04 junho 2006

Projetos de cinema se misturam com projetos de vida

Juiz de Fora é um berço de talentos. O cineasta Franco Groia, profissional já conceituado na área e sócio da Groia Filmes, está com vários projetos para 2006 e conversou com “eMiolo” sobre cinema, política e suas atuações na área social. Confira:

Você cursou Comunicação Social na UFJF. O interesse pelo cinema começou nessa época?

Não exatamente. Meu interesse sempre foi o cinema desde pequeno, afinal sempre vivi em torno do cinema através de idas freqüentes ao cinema e na infância sempre tive o hábito de freqüentar o Cine Excelsior. Quando fiz vestibular pela primeira vez foi a época tenebrosa da Era Collor, que deixou o cinema brasileiro na estaca zero no início da década de 90. Nesta época optei por fazer Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV, sendo meu interesse pela produção mais voltada para a área de TV. Como nada é por acaso, tive a sorte de ter contato com o cinema propriamente dito ao final do curso quando fui fazer cursos específicos na área, através do FAT, promovido pela Prefeitura de JF, a UFJF e o Governo Federal. Acabei me graduando em Comunicação Social e logo em seguida fui trabalhar com cinema.

Há alguns anos, o mercado cinematográfico em Juiz de Fora tinha menos visibilidade que atualmente. Como é fazer cinema na cidade?

Muita coisa tem mudado: hoje temos um curso de graduação efetivamente operando em JF, formando uma turma a cada semestre (no qual eu também leciono); temos uma Lei Municipal de Incentivo a Cultura exemplar, que fomenta não só outras áreas da cultura como também o cinema da cidade; conseguimos estabelecer um grande evento nacional de cinema anualmente na cidade, que é o Festival Primeiro Plano; e procuramos constantemente trabalhar na consolidação de um fluxo produtivo de filmes Juizforanos através de nossa produtora, a Groia Filmes, que produz não só filmes como propagandas e diversos eventos culturais.

A Groia Filmes está no mercado desde 1999. Entretanto, ainda existem pessoas que acreditam que é melhor trabalhar em lugares como RJ e SP. O que você acha disso? Já quis sair daqui?

Não acredito que sair da cidade seria a real solução para qualquer pessoa. Meu real interesse é ir na contra-mão deste senso comum, pois acredito no potencial de Juiz de Fora e o meu grande barato, assim como de diversas pessoas que optaram em permanecer na cidade é lutar para construir uma história real e permanente de produção cinematográfica de Juiz de Fora.

Você foi candidato a vereador pelo PT em 2004. Tem planos de se candidatar novamente? O que está achando da atual administração?

Não sei dizer hoje se vou me candidatar novamente. Hoje a conjuntura é bem diferente daquela de dois anos atrás e a vida pública necessita realmente de dedicação quase que diária. Continuo filiado ao PT Municipal. Naquela ocasião, a área da cultura não tinha nomes que a representassem na Câmara Municipal, e hoje a classe já está mais organizada e acredito ser capaz de lançar seus próprios nomes e direcionar uma política cultural para nosso município. Particularmente, enquanto cidadão foi uma experiência muito gratificante de exercício pleno de cidadania e acredito ter sido uma grande experiência pessoal ter vivido todo o processo eleitoral naquele ano. Até porque todo o discurso que se tem em volta da democracia e inclusão social percebi que é mera retórica, pois não tive a mesma possibilidade de visibilidade do que outros candidatos, não só do ponto de vista econômico, como também de acesso a comícios e afins, haja vista que a Justiça Eleitoral não garante nem fiscaliza as regras de igualdade entre os candidatos. Apesar de tudo isso, agradeço a todos aqueles que acreditaram na nossa bandeira, afinal foram 730 votos numa primeira incursão eleitoral.

Você já moveu uma ação para que um banco se adaptasse às suas (e de muitos outros) condições físicas e obteve sucesso. Como você analisa a imagem que a sociedade tem do deficiente? Está envolvido em algum projeto social?
A sociedade de um modo geral nunca viu o deficiente como um igual, capaz de viver uma vida normal, apesar de suas limitações e, sobretudo, estar incluído dentro do que entendemos ser o segmento economicamente ativo da sociedade. Temos que deixar de lado aquela idéia paternalista do deficiente enclausurado em seu lar, incapaz de se relacionar e ter uma vida normal. Hoje me envolvo com alguns movimentos sociais. Apoio iniciativas comunitárias que acreditam no potencial da cultura enquanto ferramenta de transformação social.
Você está filmando, ou tem planos de iniciar a produção de algum curta no momento?

Atualmente estamos em várias produções e o que posso adiantar é que está em fase final de produção meu último filme, intitulado “Chave”, e estamos produzindo o curta metragem “Condenado”, de Bernardo Falcão, e iniciamos a produção do longa metragem “Lanterna Mágica”, de Alexandre Alvarenga.

E o Festival Primeiro Plano? Será realizado esse ano? Terá apoio de alguma lei, empresa ou fundação?

Certamente, acredito, que o festival terá a sua edição 2006 realizada normalmente. Acredito também que as empresas da cidade venham a patrocinar o evento através das Leis de Incentivo a Cultura e possam proporcionar ao povo de Juiz de Fora mais um grande evento para a cidade.

Qual dica você dá para os novos cineastas que estão surgindo em Juiz de Fora?

Serenidade, perseverança e, sobretudo disposição para entrar realmente no mercado cinematográfico. Uma boa dica também é assistir a um filme diariamente.

Fonte: www.emiolo.com - publicada no site dia 12 de maio de 2006

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